Aqui estão as impressões e questionamentos que tive acerca do filme "Doze homens e uma setença" postadas no fórum de discussão do ESPEAD:
Este filme é muito interessante para pensarmos em várias questões que nos parecem verdades absolutas, das quais acreditamos e não /abrimos mão/, mas por quê? Ao longo da trama, quando cada um dos onze personagens acreditava que o réu seria culpado, muitas vezes, não sabiam argumentar o porquê dessa crença. Alguns deles diziam que pela condição social do réu, ele seria um homem culpado. Nesta linha de raciocínio, algumas passagens chamaram-me a atenção quando jurados falam que: /O réu é fruto de um lar desfeito, de um cortiço. [. . .] Nasceu num cortiço, escola de bandido, sabemos disso. Não é segredo que crianças vindas da miséria são uma ameaça à sociedade./ A partir desse pensamento supuseram que o rapaz só poderia ser o culpado mesmo, estando os jurados preocupados mais com suas vidas do que com a situação apresentada diante do julgamento de um rapaz de 18 anos. A medida em que o único jurado, que não tinha certeza da culpa do réu, foi apresentando algumas /evidências/ ou dúvidas, se é que podemos chamar assim, os outros jurados começaram a analisar o caso de outras formas, tentando entender e traçar o enredo do crime. A questão da faca que a colega Suelen traz é muito importante, pois quando esse jurado mostra uma faca /idêntica/, as ditas /certezas/ caem por terra. E, é a partir desse momento e o da tentativa de reconstituição dos passos do suposto criminoso que fazem os jurados pensarem nas suas hipóteses e darem justificativas para suas escolhas para assim condenar ou absolver o réu. Desta forma, sabemos que somos humanos e não podemos trabalhar com uma verdade absoluta, pois há vários pontos de vista em jogo. E nos reportando para uma das cenas iniciais, quando o jurado fala da sua incerteza, um outro jurado fala para os demais que devem tentar persuadi-lo para que mude de opinião, e o contrário acontece, pois são os outros jurados que começam a refutar o que lhes parecia certo. Um jogo de argumentação embasado em ditas /evidências/ vai se armando. Espero ter feito contribuições para o debate.
Essa questão de pensar que uma condição social determinará o que um indivíduo será, é um ponto muito forte (ou evidência), a meu ver, a ser debatido sobre o filme. Pois, alguns jurados, colocaram isso como forte indício para o rapaz cometer o crime, pois ele também sofria de maus tratos por parte do pai e era órfão de mãe e não parecia ter apoio familiar. Será que isso determina esse suposto comportamento do filho perante o pai? Neste viés, quando um dos jurados diz ter crescido em um cortiço, os demais não o deixam continuar sua fala. E essa questão, é aos poucos deixada de lado para serem analisados os fatos /frios/ que foram apresentados durante o longo julgamento, frutos dos relatos das testemunhas. Esses relatos que pareciam ser /estandartes da verdade/ foram aos poucos desconstruídos e dúvidas surgem e assim, são pensadas outras formas de analisar a situação.